15/12/2007

Mono e politeísmo

O politeísmo sempre esteve muito mais próximo da natureza do homem que o monoteísmo. Os Deuses são representações das diversas máscaras humanas: raiva, submissão, bonança, vingança, domínio. Já o monoteísmo é a representação simbólica e o instrumento ideológico da concentração de poder, do controle - os papas, os aiatolás, na falta de força terrena, precisam de uma farsa pictórica para justificá-los, como um espelho do outro mundo onde eles se reflitam, por isso no reflexo há só um e não uma multiplicidade. O politeísmo já pode ter servido às forças terrenas, mas nunca as pretendeu dominar e no mais das vezes são seitas múltiplas e esparsas como o candomblé e o hinduísmo, reflexo das multidões no imaginário metafísico.

O budismo é a exceção, há só um reflexo, mas o ideal é politeísta. Isso porque até o seu além serve para direcionar a vida para este mundo.

O fato de a semente do mundo já germinar na mente dos últimos séculos, só vai enfraquecer o monoteísmo, e o número crescente de islamitas é a contra-reação natural a retardar a inevitabilidade dessa gestação.

Os próximos séculos vão continuar a ver o esparsamento da religião até a sua desestruturação como instituição para ocupar o devido lugar na liberdade ou estupidez individual. Vamos adorar cada vez mais Deuses, mais fragmentários, até que eles se pulverizem nas singularidades de cada homem e, por fim, só restará Ele, o homem.

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