Era naquela fresta aberta pelo tempo
que transcorria o filete de vida do mundo de fora
pelo pouco de luz
vazando ao buraco
da janela velha,
já caduca.
E porque as duas coisas ocupavam o mesmo lugar,
entrelaçando em um só espaço,
naquela casa começava a rebentar o impossível.
Era a janela reta, imóvel, que
por ser velha,
não era mais janela,
era se desintegrando -
a ruína que o tempo traz.
E a casa ia se desmontando
enquanto o mundo vazava-lhe a janela –
há continente para o mundo que transborda
pelas frestas.
Na poeira suspensa,
o ar tensionava
como a expectativa de que tudo vai se assentar
à espera milimétrica da grande revolução.
Mas isso é só o velho desejo
de corte fino
que provoca,
te iludindo completamente,
o impulso de vida,
e te faz olhar o futuro
com os olhos de hoje,
e então,
tudo é agora.
20/12/2007
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