18/03/2008

Cárcere de Spinoza

I

Que pena, Spinoza estava preso ao séc. XVII! A expansão do corpo, da vida não está num Deus único, em uma natureza, ela é o panteão da diversidade, das máscaras por onde vemos e somos vistos do outro lado do espelho. Ele espiou esta verdade, mas a vontade de fazer a música da vida vibrar em harmonia encarcerou aquela bela alma no seu tempo.

II
Para os filósofos de hoje, a metafísica é uma gíria para afastar quem não é da tribo. Se vêem nela um caminho para construir verdades, eu desvelo esse estrangeirismo com o dicionário das crenças - seus livros parecem mais tabulas de orações. São eles que crucificam a transcendência, quando não percebem, e encobrem, que tentam alcançá-la por essa língua. Nesse ponto, Spinoza foi um precoce, por isso ele está tão na moda. Não há problema nenhum em transcender, isso é nosso desejo de superar o agora, só não podemos cair no abismo da fé nem na mentira do cético - de resto, vale a tentativa - foi aí que Demócrito venceu, mas, conforme as coisas caminhem, um dia ele perderá.

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