18/03/2008

Máscaras

Não é difícil traçar dois homens no homem: o caçador e o agricultor. O neolítico passou pela fase da caça, mas, num certo momento, o impulso sedentário prevaleceu e criamos meios para a imobilidade, assim, construímos nossa oikos, nossa casa. Não conseguimos exterminar o caçador e, às vezes, ele emerge em guerras, no desejo pela morte, sofrimento, ou na luta contra as leis naturais. Ficamos fascinados quando vemos uma máscara isolada, como o Buda-agricultor ou o herói-caçador, porque eles são exatamente aquilo que não somos – a unidade. A história da humanidade é o balanço destas duas faces, pendendo mais para uma ou outra conforme o momento. As melhores eras são quando damos às duas espaço para viverem seu máximo. Hoje, falta-nos o caçador, mas seu impulso é irrefreável e acaba implodindo.

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