18/01/2008

Cavalo de Tróia

Os Deuses de Homero, se existiu um Homero e uma Ilíada final, são o homem. Eles estão ao seu lado, sussurrando nos seus ouvidos, são aquilo que brota de nosso fundo, a batalha de paixões, instintos, medos, idéias por onde emerge a consciência. Os Deuses são as máscaras de nós mesmos, da multiplicidade que somos cada um. Para os estrangeiros, aqueles que se fecham detrás das maiores muralhas da antiguidade em vez de aventurar-se mundo afora, aqueles que acreditam nas entidades reais exteriores ao homem, que crêem em um presente real, tangível, só resta a destruição. Dentro do tangível só pode haver uma coisa: homens, e são eles que trazem a destruição dessa sociedade enclausurada na crença de Deuses factuais. Tróia caiu porque era exatamente aquilo que os gregos não queriam tornar-se, seu inimigo interior que, metaforicamente, tinha que estar tão longe.

A Tróia de Homero ressoa por milênios porque toca no mais angustiante medo e profundo anseio que temos – tornarmo-nos iguais aos Deuses. A Tróia factual, dessa só resta pó e cacos.

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