13/01/2008

Uma Guerra, Um Século

O século XX foi uma única Grande Guerra contra o estado renascentista. Na Primeira, caíram os impérios, na Segunda, os regimes estatais e na Terceira a última mão-de-ferro do estado moderno. À parte o poder atômico, a derrocada do estado-forte-socialista foi suave porque não poderia ser a força estatal do aparelho bélico que o venceria, mas só o conceito que o suplanta no andar histórico: o fluxo – e o mais visível deles, o das riquezas. A URSS faliu. Culturas acostumadas à centralização e à burocracia, como a Chinesa e a Russa, causam estranheza dando muita força aos estados, mas é exatamente o fluxo que vai superá-lo cedo ou tarde. É essa a nova história que proponho: detrás de bombas e máquinas, o estado moderno está sendo subjugado pelo fluxo porque ele representa a estagnação do poder, do saber, das riquezas.

Vivemos o começo da era da pulverização: o estado pós-moderno vai reinventar-se, a sociedade vai fragmentar-se em núcleos de poder mais ativos, a política central será a mediação da prevalência local, o mundo serão aldeias conectadas pelo fluxo.

Um sintoma: começamos no tradicional embate de tropas estatais e desmantelamos para a guerrilha e inteligência. Não é à toa que os Estados Unidos, com todo o poder bélico, são tão ineficientes em vencê-las.

O sintoma precoce: a Revolução Francesa. Lá, o poder ainda era concentrado, mas o mérito começou a sobrepujar o berço – Napoleão, um plebeu.

E para onde o estado-Brasil caminha? O que pregam nossa política, nosso Direito, nossas instituições? Somos o caranguejo histórico.

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